Seu Nego Chico quando chega no terreiro traz consigo muita alegria, é ele chegar e a tristeza sair porta fora! A energia positiva deste Mestre Juremeiro contagia todos, até mesmo aqueles que estão mais tristes e precisando de uma palavra positiva. Como ele mesmo diz: “...cansado, triste e preocupado estão os inimigos, porque filho de fé anda sempre na pisada certa...”. Quem frequenta o terreiro ama ele, brincalhão e sábio conselheiro, quando precisa soltar uma fumaça contrária, saia de perto!
Este terreiro foi fundando pelas mãos de Mãe Balbina, com quase setenta anos de funcionamento de forma ininterrupta, traz a velha tradição da Umbanda de nordestina, com forte influência do Catimbó. Com o final do ciclo terreno da Mãe Grande, a continuidade dos trabalhos estão a cargo daquela que ela preparou de forma especial, sua filha Mãe Gardênia d´Iansã. Mesmo sob outro comando, a pisada é mesma, a raiz do fundamento continua igual.
Essa Umbanda nordestina é fascinante, vem ao longo dos anos carregando uma carga genética muito autêntica dos povos ancestrais, no entanto, a maior parte das pessoas tem muita dificuldade em entender de onde vem essa carga genética. Para isso, é importante pesquisar conteúdos que tenham fundamentos, por isso, estamos demonstrando material fruto de pesquisas bibliográficas para servir de base para leitura.
Após a restauração pernambucana, como ficou conhecida a retomada de poder pelos portugueses, muitos índios aliados dos holandeses se retiraram para a serra da Ibiapaba, no Ceará. Esse foi o destino de índios Potiguara e Tapuia, como fez Antônio Paraupaba, que os comandava durante a invasão. Pelo menos em duas ocasiões, ele desceu a serra para fazer contato com os holandeses, pedindo ajuda para os índios refugiados[1]. (SALLES, Sandro Guimarães, 2010, p. 70)
Alguns juremeiros afirmam que os mestres são espíritos de catimbozeiros renomados, alguns de origem conhecida, como Maria do Acais, Flósculo, Zezinho do Acais e Cesário. Outros defendem que eles seriam espíritos de homens que viveram na boemia, dados à bebida e ao fumo. Nessas e em outras concepções sobre essas entidades, porém, eles estão, ao contrário dos caboclos, associados a um tempo histórico[2]. (SALLES, Sandro Guimarães, 2010, p. 211)
Os negros participaram ativamente da construção da espacialidade e da cultura na área de interesse da pesquisa. Bastide (1945), dando continuidade à discussão iniciada por Fernandes (1938) sobre as razões que levaram o negro a aceitar a religião do índio, argumenta que a presença do primeiro no Catimbó, enquanto uma religião indígena, seria uma estratégia para a ascensão social, uma vez que ele estaria, desde o período colonial, abaixo do índio na estrutura social[3]. (SALLES, Sandro Guimarães, 2010, p. 73)
Pode-se perceber claramente que a formação da Umbanda, principalmente a nordestina, é assentada em quatro principais pilares: o Espiritismo Kardecista; o Catolicismo Cristão; o rito africano Banto e Nagô; e a Pajelança vinda dos povos indígenas. Sempre que entrar num terreiro de Umbanda encontrará sinais desses fundamentos, cada um com um predomínio maior para um ou outro, conforme o fundamento da casa.
Mais Fotos:
FOTOS: Festa do Mestre Nego Chico Feiticeiro, 29/03/2023 – Acervo Instituto Mãe Balbina
Bibliografia:
[1] Salles,Sandro Guimarães de. Religião, espaço e transitividade : Jurema na mata norte de PE e LitoralSul da PB / SandroGuimarães de Salles.– Recife: O autor, 2010. 270f. : il. ; 30 cm. [2] Salles,Sandro Guimarães de. Religião, espaço e transitividade : Jurema na mata norte de PE e LitoralSul da PB / SandroGuimarães de Salles.– Recife: O autor, 2010. 270f. : il. ; 30 cm. [3] Salles,Sandro Guimarães de. Religião, espaço e transitividade : Jurema na mata norte de PE e LitoralSul da PB / SandroGuimarães de Salles.– Recife: O autor, 2010. 270f. : il. ; 30 cm.
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