*Por Mãe Gardênia de Iansã
Um veneno chamado intolerância religiosa! Os cidadãos de bem acreditam que desde o momento em que um ser passa a conviver em sociedade, ele aprende a seguir algumas crenças, adquirir valores éticos e morais.
No Brasil que é um país miscigenado, tamanha ignorância pode ser considerada uma patologia cultural.
Tal anomalia, fez ser criado um dispositivo Constitucional, o qual visa garantir a liberdade de culto religioso e proteção contra a discriminação, sendo que, tais direitos não seriam naturais. Por sátira o termo ‘religião’ vem do latim ‘religare’, que significa, em termos inteligíveis, religar, voltar a unir duas partes que estavam separadas, porém, a realidade é oposta e nem sempre tal proposição é aderida pelos grupos.
No panorama geral, atos de preconceitos carregados de violência vêm se reproduzido em muitos ambientes, da escola ao trabalho, tais como: ofensas pessoais; ameaças; danificação de imagens; bíblias; igrejas e destruição de terreiros. Há pouco tempo, o mundo ficou chocado com o ataque ao jornal Charlie Hebdo, em Paris.
O ataque à redação do veículo de comunicação, por parte do ‘Estado Islâmico’, pode gerar mais conflitos em relação aos muçulmanos que residem na Europa. Visto que, infelizmente, atos de pequenos grupos extremistas fazem com que toda uma religião seja transfigurada. Um ato contra a liberdade e uma demonstração clara de intolerância religiosa, situação que causou 12 mortos, 11 feridos e uma revolta social.
Em 2014, por exemplo, no Brasil, o Disque 100 registrou 149 denúncias de discriminação religiosa, tendo como principais vítimas, religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. Esse fenômeno pode ser considerado um fruto da forte influência católica na formação do estado brasileiro, que desde o período colonial, com as missões jesuíticas, e até o Brasil Império a forte ligação entre Estado e Igreja, sempre foi predominante no território nacional.
Aliado a isso, a conjuntura na qual os afrodescendentes conquistaram sua liberdade, levando-os às margens da sociedade e gerando um estereótipo negativo sobre si e suas crenças. Como consequência, temos o atual panorama de intolerância religiosa, principalmente contra religiões afro-brasileiras, discursos de ódio em redes sociais resultando até em agressões.
O ‘fenômeno’ conhecido por valorização ou desvalorização de uma determinada religião permite a geração da discriminação evidente, porém não é algo novo na coletividade, já que sempre convivemos com as diferenças, esta é questão pode ser considerada patológica e histórica existe desde o princípio na formação da civilização, período abriram-se discussões éticas sobre a verdade absoluta, cada ‘lado’ com a sua verdade.
Os cidadãos de bem acreditam que desde o momento em que um ser passa a conviver em sociedade, ele aprende a seguir algumas crenças, adquirir valores éticos e morais, no entanto, isso passa a ser um problema quando os que propagam e compartilham desse conhecimento se acham no direito de propagar que seus conceitos são os únicos verdadeiros. Segundo o filósofo francês, Jean-Paul Sartre, "a violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”.
Desta forma, medidas são necessárias para combater a intolerância religiosa no país. O Poder Público tem o dever de construir políticas de combate a tolerância religiosa, para combater e desenvolver a conscientização de que o respeito às diferenças é assegurado por Lei Federal que pode resultar em uma sociedade mais igualitária.
No mesmo sentido, a escola e a família tem papel fundamental na educação das crianças e jovens, para que aprendam a tolerar as diferenças e a valorizar a cultura nacional, sendo que assim, o Brasil caminhará para a diminuição dos problemas decorrentes da intolerância. A grande convicção que devemos ter é de que o respeito à fé alheia é sagrado.
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